A campa do preto, fica situada na freguesia de Gemunde no lugar do mesmo nome no concelho da Maia. O seu jazigo fica á margem da estrada que liga Castêlo da Maia á Vila de Matosinhos.
Um preto de pura alma branca cujo o nome se perdeu. Servia em casa de um fidalgote que o tempo e a lenda empurraram singularmente para o anonimato.
O tempo mas não muito que os nosso antepassados situam a acção da história em torno de 1790.
Hà os que dizem Santo Preto, porém a lenda que envolve o principal protagonista desta história não são auferidos ao africano quaisquer tipos benesses sobrenaturais em beneficio proprio ou de terceiro.
Pois em 1790 existia um solar em guilhabreu, Vila do conde ( donde dista 11km).
alguns historiadores são de opinião ter sido esta casa o berço de Gonçalo Mendes, o Lidador da Maia.
Pois nessa casa(e agora entramos na lenda através da sua versão mais corrente) vivia um fildagote provinciano, e com todas as caracteristicas, permita-se o pleonasmo de fidalgote provinciano com a agravante de ser setecentista, se acaso ser setecentista constitui agravante. Dotado de instintos primários à flor de pele, percorria os seus campos e aldeias á procura de uma nova donzela para dar novo tom aos seus fastidiosos momentos ocasionados pela notável arte de não fazer nenhum.
vamos, pois, surpreendê-lo num dia em que conseguiu arrasstar até à sua solarenga mansão uma donzela aldeã de rosto formoso, de corpo bem formado, longas tranças e olhos castamente baixos. De sala em sala, ao longo dos corredores conseguiu levá-la até aos seus aposentos mais íntimos. Tiranetezinho de trazer por causa, tentou seduzi-la mas os seus modos canhestros lograram apenas a repulsa da jovem. E o fidalgote não esteve com meias medidas. A intenção era violentá-la. E se intentou com presteza, mais rápida foi a moça ciosa da sua honra, que fugiu. Fugiu internando-se sem alternativa numa grande seara de trigo.
Enraivecido pelo malogro das suas intenções, o fidalgote jurou dupla vingança. E chamou o seu criado negro. A ele e aos outros criados. Que queimassem a seara. Logo os criados, de archote em punho se lançaram na periferia da seara a incendiá-la. O criado preto apagou o archoote e assim uma zona da seara demorou mais tempo a arder, por ali se encaminhou a donzela fugindo.
Derrotado o fidalgote chamou o preto:
- Desobedeceste-me!
-Patrãozinho, eu não podia queimar o pão nem a menina. A maldição cairia sobre nós...
-Bem, não vais voltar a desobedecer-me.
-Pois não, patrãozinho. Desculpe-me sim!
-Aparelha-me o cavalo que eu vou á festa da senhora da hora!
-Muito bem, eu aprelho patrãozinho.
Montado, instantes depois no seu alazão, o fidalgote passou uma corda em torno do pescoço do escravo preto e amarrou outra à sela.
- Agora vais acompanhar-me, rapaz.
-Sim patrãozinho eu obedeço.
E o fidalgote lançou o cavalo à desfilada. A estrada para Senhora Da Hora passava por Gemunde. Ao principio, o preto corria, mas depois soçobrou fatigado. Corpo caído e sacudido entre as pedras. O fidalgo esporeava a sua montada e o desgraçado do preto morto dos primeiros encontrões nos rochedos, ia ficando com o cadáver retalhado pelo caminho. Desmembrado da maneira mais horrivel.
O bom povo dali apercebeu-se do que se passava e lançou-se, multidão amoitada e a pé em perseguição do fidalgote assassino.
Pelo caminho iam recolhendo os pedaços do desgraçado. Em Gemunde encontraram a cabeça do pobre preto. Apercebendo-se de que o cadáver estava completo. Logo lhe deram sepultura, amaldiçoando os fidalgos do patrão infame.
Lugar de lembrança de um preto martirizado, assim ficou a Campa do Preto.
À volta desta campa o povo faz as suas preces, reza ajoelha-se e tem o preto como Santo. Como forte testemunho diz-nos a pedra de cobertura do mausoléu assim como cruzeiro estes datados de 1883 e 1892 promessa feita pelos pescadores de Matosinhos nas horas aflitivas de vendavais.
2 comentários:
Esta lenda está descrita em verso, por Joaquim Moreira da Silva, o poeta carpinteiro, de Vilar, Vila do Conde. O poema chama-se "EM LOUVOR DO SANTO PRETO", e publicado in Poesias: Joaquim Moreira da Silva, o poeta carpinteiro, pág. 167-168, edição da Câmara Municipal de Vila do Conde
https://pt.everybodywiki.com/Joaquim_Moreira_da_Silva#Homenagens,_Celebra%C3%A7%C3%B5es_e_Eventos_Culturais
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